segunda-feira, 28 de março de 2011

Possível poema sem coerência

Tenho agora, em minha mente, um possível peoma
Entre outras ideias
Prefiro deixá-lo de lado e imaginar uma poesia real
Algo além de palavras, coisa que possui gestos, imagens e sons

No meu possível poema
Repetem-se palavras duras, geladas
Então vem em meu pensamento algo mais maleável e quente
Como a sua pele

Creio em certas coisas invisíveis
Tenho gosto pelo desconexo, astrologia, culinária
e também por poemas

O possível poema, joguei fora
Foi com ele uma raiva, um grito
Um sentimento tão ruim, mas não menos cruel
Que a lembrança da sua pele

Aí ficam essa ânsia, essa música
Esse cheiro forte no lixo
E coloco qualquer verso, qualquer absurdo
Uma banalidade!

E incoerentemente, eu gosto.

sábado, 26 de março de 2011

Entre a lembrança e a falta

Vou escrever sobre gatos. Os de olhos espertos, pequenos, misteriosos, fascinantes, cheios de carinhos. Esses pequenos felinos possuidores de mais ossos que o ser humano e capazes de ouvir a distâncias uma barata inimiga, um rato ou a voz do humano, que ele graciosamente escolhe ficar ao lado.

Muita gente acostumou a ter raiva dessas fofuras, puro preconceito. Se vivessem com um gato, saberiam a alegria de ter amor e companha leal. Não tenho gatos em minha casa, mas muitos no meu coração. Já abriguei dois onde moro, sumiram inesperadamente. Decidi não adotar mais, até ter uma vizinhança mais gentil e um lar sem vários lugares por onde possam escapar e correr o risco de desaparecerem.


Meu primeiro gato se chamava Mefistófeles. Coloquei esse nome por causa da lenda alemã. Na história, Mfistófeles é um demônio que apresenta a Fausto todo o conhecimento. Em troca, o demônio pede a alma. Eu dei minha alma ao Mefis (a nossa relação me permitiu chamar ele por um som mais fácil dele me entender). O gato praticamente me adestrou e tudo era por amor. Mefis era independente, astuto, anti social, bom caçador e uma liberdade que dava inveja.


Carriço foi o segundo. Chegou de repente aqui em casa e quase chamei ele de De Repente. Queria ter dado o nome de Mojica, em homenagem ao José Mojica Marins, criador do Zé do Caixão. Mas pensei que Mojica seria muito fofo e eu novamente ficaria dependente do seus carinhos. Então escolhi algo que eu não tinha muito apego. Um belo dia, lendo sobre a Carriço Filmes, ele deitou em cima do livro. As cores preto e branco do meu gato e da capa do livro me encheram os olhos. De nada adiantou a tentativa, me apeguei e chorei quando partiu. Sinto falta de ser acordada às 5h só para receber carinho.

Contudo, não quero falar da ausência, mas da presença dos gatos. Lindos e encantadores, cheios de ronrons e miaus. Cada posição do rabo tem um significado. Uma linguagem cheia de agilidade. Quase auto suficientes. Mas como dependem do nosso amor, carinho, patês, pastas e mais delícias, claro. Tudo só para serem felizes! Eles também são frágeis, o que os tornam distantes é a ruindade dos humanos, a raiva e a falta de amor para com eles.

Atualmente, fora os gatos moradores do meu coração, eu tenho fotos, estampas e pelúcias. Mas nada substitui ser acordada com um miado ou com as patinhas te afofando.

Colo aqui um poema de Nelson Ascher:

Gatos não morrem de verdade: 
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato: 
suas almas saem de fininho 
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia 
morte não passa de uma forma 
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível 
mais alto é que eles, galho a galho, 
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso 
— se somem — é dizer que foram 
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus 
de sete bem vividas vidas, 
seus sete merecidos sonos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

O que se esconde atrás do véu e dentro do coração?

O quadril se movimenta tentando encontrar o lugar onde se perdeu
Crédito da foto: desconhecido

O silêncio vira música, dança e gemidos no lago cheio de ilusão