segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Acabo de ler no New York Times a reportagem que cita o abuso de poder do filho do senador José Sarney, Fernando Sarney, para censurar o jornal O Estado de S. Paulo, proibindo-o de publicar reportagens sobre os escândalos, a mesma coisa que aconteceu com o Jornal Pequeno, veículo de oposição a família Sarney no Maranhão. O autor da reportagem do jornal novaiorquino, Alexei Barrionuevo concentra seu texto mais nas censuras realizadas na imprensa da Venezuela, mas deixa claro que a agressão à liberdade de imprensa está acontecendo em toda América Latina.

Enquanto lia a matéria me lembrei de um vídeo da TV americana que circula na Internet, chamado “Censurado do Brasil”, onde o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é acusado de censurar os veículos de comunicação nacional e principalmente aqueles do próprio estado.

Imediatamente penso numa frase perseguidora que li no livro “A Ilha (um repórter brasileiro no país de Fidel Castro)”, o autor Fernando Morais ao iniciar o capítulo sobre imprensa diz: “Quando perguntei a um influente jornalista cubano se lá existe liberdade de imprensa, ele deu uma gargalhada e respondeu: “Claro que não”. E completou, com naturalidade: “Liberdade de imprensa é apenas um eufemismo burguês. Só um idiota não é capaz de ver que a imprensa está sempre a serviço de quem detém o poder.”

O vídeo sobre o Aécio Neves já tem, até o momento, mais de 170 mil exibições no Youtube, a reportagem do NYTimes já deve ter circulado em centenas de links pelo Twitter. TODOS NÓS SABEMOS. Com a rapidez da troca de informações que presenciamos atualmente, é difícil não ficar sabendo de nada, até mesmo das censuras cometidas contra o nosso direito de saber. E o assustador é que a gente sabe, mas o que acontece? As investigações são arquivadas, os assuntos são trocados e a sensação que tenho é de que não honramos a liberdade de fazer, escrever e falar que temos, esquecemos que os políticos prestam um serviço para nós e podemos não querer mais que algum deles continue nos representando. Agora me veio uma pergunta: Eles representam o que somos?

A poesia clássica de Maiakoviski:

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flordo nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz,
e,conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

E TODOS NÓS SABÍAMOS.

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