terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Precisamos falar sobre o Kevin, leia

Não deve ser muito difícil odiar um monstro, mesmo quando ele seja seu filho. Li “Precisamos falar sobre o Kevin” com medo. Cheguei a ter que ler ou ver outras coisas após a leitura, antes de ir dormir. Quando terminei, chorei e permaneci confusa quanta a crueldade do ser humano. Em Kevin a essência cruel se manifesta desde cedo na escola e em casa. A história toda é amarga.

A autora Lionel Shriver foi brilhante em adotar como personagem narrador, a mãe de um garoto que aos 15 anos se torna um assassino de vários colegas e professores. Sempre vemos o sofrimento das mães e pais que perdem seus filhos nesses incidentes e pouco prestamos atenção nas famílias dos assassinos. Lionel oferece nos oferece uma personagem feminina sem lacinhos nas emoções.

É uma mulher que se pergunta sobre as mudanças do seu corpo e da sua vida, por causa do filho. Eva, nome bem sugestivo e de uma sensibilidade polêmica, se culpa pelas atitudes de Kevin, assim como o resto do mundo. Por que? Porque ela é a mãe e na nossa sociedade patriarcal e machista, a culpa por ter filh@s que se tornam pessoas ruins é sempre da mãe. Eva deu à luz um ser ruim e apático, sem sentimentos. E é ela que fica o maior tempo com esse ser, pois o pai está trabalhando. É ela que tem que diminuir sua rotina de mulher bem sucedida, até abandonar isso de vez, por conta de Kevin.

De forma brilhante o livro trata essa questão e também sobre política nos EUA. Kevin é uma mistura da decadência e do espetáculo americano. Tudo é contado pela mãe em cartas que são direcionadas ao marido, Franklin. Eu adorei demais o livro, é tenso, maduro, inconveniente e impossível de querer abandonar a leitura 

Nenhum comentário: