sexta-feira, 8 de julho de 2011

Com meus botões

Hoje acordei com gosto para a solidão, sem saber o caminho para as coisas, com frio, comendo sem parar e com aquela sensação horrorosa de ficar uma semana sem malhar. É, a mordida do poodle dosinferno da minha irmã me deixou sem poder calçar tênis até ontem. Mas o castigo não foi só para mim, esses dias o cachorro ficou todo mal humorado, triste, com os olhos no chão. Pois é, amigo, mordeu a pessoa errada. Cuidado com a raiva.

Assim, conversando com meus botões, enquando a Oi me deixava sem conexão, preferi ouvir mais do que falar. Ah, botões não falam? Segundo Machado de Assis, eles dizem muita coisa:

“...deixou-se estar ouvindo, ouvindo, ouvindo... Interrogou outras plantas, e não lhe disseram coisa diferente. Há desses acertos maravilhosos. Quem conhece o solo e o subsolo da vida sabe muito bem que um trecho de muro, um banco, um tapete, uma guarda-chuva, são ricos em ideias ou de sentimentos, quando nós também somos, e que as reflexões de parceria entre os homens e as coisas compõem um dos mais interessantes fenômenos da terra. A expressão 'conversar com seus botões',paracendo simples metáfora, é frase de sentido real e direto. Os botões operam sincronicamente conosco; formam uma espécie de senado, cômodo e barato, que vota sempre as nossas moções.

E o que foi que que eles me disseram? Ah, muitos casos de agulha, linhas e cada história de paixão em que eles acabam todos machucados por serem arremessados com força na parede... Foram mais espisódios contados, porém como foram nos momentos íntimos da solidão, prefiro não contar a ninguém os segredos que só uma caixa de costura costuma saber.

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